quinta-feira, agosto 16, 2007

Desencanto

É realmente engraçado (pra não dizer triste) como algumas pessoas (pra não dizer eu) tem o dom de perder o encanto pelas coisas quando elas passam a ser algo "possível", ao invés de um "sonho distante".







Parece que eu tenho sempre que estar buscando e perseguindo o "inalcançável" e o "impossível".. Mas agora percebo que o que eu realmente busco é exatamente o "estar buscando" e não o "alcançar" em si.. Por um lado, tentando ver o lado bom das coisas (coisa que é bem difícil para mim), acho que todo esse desencanto me traz uma espécie de frieza que me "protege" contra uma possível decepção e acaba me ajudando a tomar as decisões mais seguras.. Mas sei que digo tudo isso apenas para tentar me consolar, pois no fundo no fundo, o que eu queria mesmo era tomar as decisões com o coração... tomar as decisões precipitadas.. as erradas... as "dramáticas".. sem me preocupar com as consequências, com ressentimentos e com arrependimentos...

Eu sempre sonhei acordado... a vida toda... Vivi imerso nas "coisas que a vida poderia ser".. E de vez em quando me pego "sendo" aquilo que um dia eu sonhei... Me pego vivendo as coisas que um dia foram apenas sonhos distantes... E ainda assim não consigo me sentir realizado.. Não consigo apagar esse incêndio que não me deixa olhar para as coisas boas ao meu redor...

Não consigo entender porque o passado é sempre melhor do que o presente... mesmo quando, no presente, estou realizando as coisas que eu sonhei no passado... Me sinto preso na sensação de que os sonhos são melhores se forem "inalcançáveis"... Muitas coisas que um dia pareceram tão distantes de mim, estão aqui... na palma da minha mão... Mas não consigo achar dentro de mim aquele "frio na barriga" que eu sentia só de imagina-las... aquele "frio na barriga" que me fez partir atrás dessas coisas... Sinto muita falta disso...

Acho que o caminho que escolhemos percorrer para chegar até algum lugar é o que realmente importa e o lugar em si é apenas um pretexto... Deve ser por isso que eu evito os atalhos e sempre escolho os caminhos mais compridos.. Pra não chegar nunca.. Pra viver sempre no caminho... Sempre olhando nos olhos do fim.. Fugindo dele... Mas sem nunca perde-lo de vista...